‘Bandido bom é bandido morto’: juíza alerta sobre os riscos jurídicos e sociais desse discurso

Em vídeo publicado nas redes sociais (assista ao final da matéria), a professora e juíza de direito Ana Carolina fez uma contundente reflexão sobre a popular frase “bandido bom é bandido morto”, frequentemente repetida por parte da sociedade. Segundo ela, esse pensamento está “completamente equivocado” do ponto de vista jurídico e social.

“A gente superou a fase da autotutela, da vingança privada, para deixar que o Estado resolva essas questões, principalmente no que diz respeito ao direito penal”, afirmou. Ana Carolina explicou que cabe exclusivamente ao Estado, por meio do Poder Judiciário, aplicar a lei ao caso concreto. “O Estado detém o monopólio da jurisdição, do dizer o direito”, reforçou.

A magistrada ressaltou ainda que, no âmbito do direito penal, não há espaço para soluções individuais ou justiceiras. “Com relação àquelas pessoas que decidem fazer justiça com as próprias mãos, linchando ou até matando outras pessoas que praticaram crimes, elas também respondem criminalmente por essa conduta”, alertou.

Sobre a atuação policial, Ana Carolina destacou a necessidade de analisar cada caso concreto. “A polícia pode utilizar a força desde que de forma legítima. Se há um confronto, uma resistência que justifique a atuação, seguindo todos os protocolos da instituição, está justificado. Mas se há excesso, não está justificado e essa pessoa deve responder criminalmente”, explicou.

Além da análise jurídica, a juíza propôs uma reflexão ética e social sobre o impacto desse tipo de pensamento. “A partir do momento que alguém desperta em nós esse ódio, esse sentimento ruim de revidar com a mesma violência, nós somos os grandes perdedores”, afirmou.

Para ela, é fundamental manter a calma, o equilíbrio e desenvolver empatia. “Não sabemos o que passa na cabeça e no coração das pessoas que agem de determinadas formas. Temos que deixar que o Poder Judiciário aplique a lei ao caso concreto, fazendo justiça, e entregar o resto nas mãos de quem tem realmente autoridade para isso”, pontuou.

Por fim, Ana Carolina fez um apelo: “Por favor, não vamos repetir essa frase. Ela não traz uma energia legal pra gente e, de alguma forma, nos rebaixa à condição das pessoas que praticam aqueles atos. Em nada somos melhores que eles quando somos contaminados pela violência que eles disseminam”.

A fala da magistrada repercutiu nas redes sociais e gerou importantes debates sobre justiça, segurança pública e direitos humanos.

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